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Situação grave nas condições das instalações elétr

Ao analisar a realidade das instalações de baixa tensão, o dossiê “Panorama das Instalações Elétricas Prediais no Brasil”, desenvolvido pelo Procobre no ano passado, constatou que a situação é extremamente crítica nos imóveis mais antigos, principalmente com mais de 20 anos, e na autoconstrução, onde, geralmente, as obras são executadas sem a devida supervisão de um profissional habilitado, inclusive na parte elétrica.

No caso dos imóveis residenciais autogeridos, cuja maioria é formada por obras horizontais (casas), mesmo quando se trata de uma construção nova, o atendimento às normas e regulamentações técnicas não é comum. Ao contrário, na maior parte das situações a instalação elétrica é feita sem projeto.

Um estudo realizado pela empresa de pesquisa de mercado Soul, a pedido do Procobre, divulgada em maio de 2014, confirma esta realidade. Os dados, referentes a cidades das regiões Sudeste e Nordeste do País, indicaram que 75% das construções no mercado da autoconstrução não possuíam projeto elétrico. Esse mesmo estudo revelou que, em 90% das obras autogeridas novas não havia a participação de engenheiros elétricos na construção.

Esta situação aumenta os riscos na instalação elétrica, que via de regra não tem como ser segura, visto que apresenta problemas que vão da divisão inadequada dos circuitos, até a falta de dispositivos de proteção, dimensionamento equivocado dos condutores elétricos e a falta do fio terra, exigido por lei.

No caso das construções efetuadas há mais de 20 anos, inclusive nos prédios, ou construções verticais, também há uma tendência natural de inadequação em relação ao uso, pois as residências e escritórios de hoje reúnem uma quantidade maior de dispositivos elétricos, como computadores, eletrodomésticos, equipamentos de aquecimento e refrigeração.

Ou seja, estes locais demandam mais carga elétrica do que há duas décadas. Por isso, mesmo que as instalações tenham sido projetadas e executadas em conformidade com as normas técnicas válidas na época da construção, elas não previam o atual nível de potências necessárias.

Sem contar que, com o passar do tempo, a instalação elétrica tem um envelhecimento natural e seus vários dispositivos podem se deteriorar ou perder rendimento.

Para superar o problema, mais uma vez reforçamos que não há outro caminho a não ser a realização periódica de avaliações na instalação elétrica. E, sempre que necessário, deve-se fazer as devidas manutenções preventivas e corretivas na mesma. Nos casos mais críticos, a recomendação é fazer um trabalho mais extenso de adequação das instalações através do chamado ‘retrofit’.

Para verificar a situação das instalações elétricas prediais em construções antigas e estimular a sua melhoria e atualização, o Procobre criou em 2005 o “Programa Casa Segura” (www.programacasasegura.org.br). A iniciativa, que recebeu o apoio de várias outras entidades, levantou dados que comprovam que, nos edifícios antigos, a realidade é crítica e, portanto, merece atenção especial.

Entre 2005 e 2006, o Programa realizou um censo e identificou que havia 16 mil edifícios residenciais com mais de 20 anos na cidade de São Paulo. Deste total, estabeleceu uma amostra de 150 prédios para um programa-piloto, com vistas à avaliação das instalações elétricas.

E os resultados confirmaram as suspeitas de que temos um cenário alarmante. As avaliações revelaram que nenhum dos edifícios apresentou condições totalmente seguras, atendendo aos requisitos das normas técnicas em vigor. Estes são alguns dos resultados:

 

O cenário é tão grave que muitos especialistas da área elétrica alertam que, se nada for feito, corremos o risco de ter no País novas tragédias de grandes proporções, como a que ocorreu recentemente no incêndio da boate Kiss, na cidade de Santa Maria (RS).

No caso da boate, o incêndio não teve início em função de problemas na parte elétrica. No entanto, em vários edifícios residenciais e comerciais as instalações em não conformidade poderão ser as responsáveis pelo fogo.

Os números do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo confirmam que a situação nas instalações é crítica e revelam que os sinais de perigo estão por toda parte, visto que já há registro de inúmeros acidentes de menor proporção.

De acordo com os dados da corporação, hoje, a segunda maior causa de incêndios no Estado de São Paulo são as instalações elétricas inadequadas, que não cumprem os requisitos mínimos de segurança. Entre os anos de 1999 e 2009, 43,9% dos boletins de ocorrência relativos a incêndios foram de origem acidental. Desse montante, 12,7% tiveram origem nas instalações elétricas, o que coloca os problemas com as instalações em primeiro lugar entre os fatores acidentais.

 

AUTOR: António Maschietto, Diretor Executivo do Procobre

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